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Diante das indignações e revoltas pelo assassinato de Vanessa Ricarte, jornalista morta pelo ex-noivo, o Sindicato dos Jornalistas de Mato Grosso do Sul (SindJor-MS) anunciou o "Ato de Justiça por Vanessa".
Segundo o informativo divulgado, a ação será amanhã, sábado (15), às 9h, no calçadão da Barão com a Rua 14 de julho. Além de uma forma de se manifestar acerca do acontecido, o segundo feminicídio do ano no estado, o evento também será realizado para homenagear Vanessa.
O intuito do ato é juntar jornalistas, aqueles que conheceram ou não ela, e campo-grandenses em prol de justiça pelo caso, visando a melhora do serviço público no oferecimento de proteção às mulheres vítimas de agressão.
Por falar em homenagem, na noite desta quinta-feira (13), amigos, familiares e conhecidos tiveram a oportunidade de se despedir da moça. O velório foi aberto ao público no Plenário Oliva Enciso, na Câmara Municipal de Campo Grande.
Após a despedida, seu corpo foi transferido para Três Lagoas, sua cidade natal e onde será sepultada, durante a tarde desta sexta-feira (14).
Caso
A jornalista, Vanessa Ricarte, de 42 anos, morreu esfaqueada pelo noivo, Caio Nascimento, na noite da última quarta-feira (12), em uma casa localizada no bairro São Francisco, em Campo Grande.
Na noite que antecedeu o crime, Vanessa havia procurado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) para denunciar o companheiro e solicitar uma medida protetiva contra ele. Horas antes de ser morta, ela havia ido até a delegacia para buscar a documentação da medida protetiva.
Ao chegar em casa, a jornalista se deparou com Caio. Eles discutiram e ele desferiu diversos golpes de faca contra o pescoço, peito e barriga da vítima. Os vizinhos ouviram os gritos e acionaram a polícia.
Viaturas da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares se deslocaram até o endereço e encontraram a vítima caída no chão ensaguentada e com perfurações pelo corpo.
Na casa, estavam Vanessa, um amigo e o feminicida. Ela foi socorrida e encaminhada ao Hospital Santa Casa, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Caio foi preso e encaminhado à delegacia.
Ele trabalhava como músico, e era alvo de uma série de denúncias de violência doméstica, violência psicológica, agressão, ameaça e perseguição.
Na manhã desta quinta-feira (13), durante coletiva de imprensa, a Dra. Elaine Benicasa afirmou que a equipe da Polícia Civil chegou a oferecer abrigo na sede da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) à jornalista duas horas antes de ser morta pelo noivo.
Pronunciamentos oficiais
Após a notícia da morte da jornalista, vários órgãos e parlamentares se pronunciaram sobre o caso.
Através de um vídeo, publicado em uma rede social, o governador Eduardo Riedel declarou ter ficado profundamente impactado com a notícia da morte da servidora, que atuava no Ministério Público do Trabalho (MPT).
Riedel estendeu a indignação não apenas à Vanessa, mas também ao sofrimento das famílias envolvidas não só nesse, mas em outros casos de feminicídio, crime que apresenta altos índices no estado.
Ainda, o Ministério Público do Trabalho (MPT), onde Vanessa era chefe de comunicação, lamentou e manifestou indignação pela morte de Vanessa, e a descreveu como "uma profissional dedicada e comprometida".
"Sua perda é um golpe não apenas para a instituição, mas para toda a sociedade, que vê mais uma vida ceifada pela violência de gênero", diz texto.
O MPT reforçou ainda o compromisso do órgão com a defesa dos direitos humanos e repudia veementemente qualquer forma de violência contra as mulheres, e se solidarizou com a família, os amigos e colegas da vítima.
"Que sua memória inspire a luta por um mundo mais justo e seguro para todas as mulheres, e que sua tragédia nos motive a fortalecer as políticas públicas de proteção e combate à violência doméstica".
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Mato Grosso do Sul e a Comissão de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também emitiram nota de pesar pelo falecimento de Vanessa.
No texto, relembram o caminho profissional da jornalista, formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), que atuou como professora de redação, editora, assessora de imprensa e chefe de assessoria de imprensa.
Vanessa foi definida como uma profissional de texto impecável e ideias constantes, que sempre tinha um projeto novo na manga e acreditava no potencial do ser humano como agente de boas transformações.
Saiba
Em artigo exclusivo enviado ao Correio do Estado, Simone Tebet, Ministra do Planejamento e Orçamento, comentou o caso e, principalmente, pediu justiça por Vanessa. Para ler o texto completo, clique aqui.
Fonte: Correio do Estado